No dia 29 de abril de 1980,
faleceu, repentinamente, aos 41 anos, Pedro Calil Padis,
professor do Instituto de Letras, Ciências Sociais e Educação, afastado
pelo Ato Institucional nº 5, de 1969.
Bacharel em Ciências Econômicas
pela USP em 1961, foi
professor da PUC de São Paulo e de Campinas, da Fundação Getúlio
Vargas, da Faculdade de Economia de Piracicaba e da Faculdade de
Ciências e Letras de Araraquara. O Ato Institucional que o atingiu em 1969
privou-o do que ele considerava sua atividade mais importante: a de ensinar.
Apesar disso prosseguiu sua atividade profissional, continuou junto ao CEBRAP
seu trabalho de pesquisa sobre o Paraná.
Considerando que nem sempre os
estudos a partir da visão regional, no Brasil, dão conta das articulações
regionais com o conjunto, o trabalho de tese do Professor Pedro Calil Padis
constituiu na época em que foi escrito (1970) e constitui ainda hoje uma
contribuição em termos de perspectiva de análise.
Após a defesa de sua tese, em
1970, transferiu-se para a França onde, em curto espaço de tempo, conseguiu a
mesma estima e sucesso na carreira de professor e pesquisador nas Universidades
de Reims, Nanterre e Sorbonne (Paris). Foi ainda diretor do Instituto de
Estudos do Desenvolvimento Econômico e Social (IEDES).
De volta ao Brasil, em 1977,
reiniciou sua atividade de professor junto à Fundação Getúlio Vargas e à
PUC de São Paulo, onde se tornou coordenador geral dos cursos de
Pós-Graduação da Faculdade de Economia e Administração. Exerceu ainda atividades
de consultoria junto ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
e à Hidroservice. Reintegrado ao ILCSE de Araraquara, não
chegou a iniciar as suas atividades docentes.
Esta imensa atividade docente de pesquisa ligava-se, profundamente, com a
visão de mundo de Calil. No dizer de Paul Singer por ocasião de sua morte: "trabalho
e militância para ele tendiam a se
fundir numa mesma atividade. O aprendizado de economia não era para ele a mera
aquisição de um instrumental profissional, mas a conquista de meios para
entender uma realidade que era preciso mudar a qualquer custo. Os estudantes
perderam um mestre querido, os professores perderam um colega e um líder. Os
que se engajam nas lutas pelos direitos do povo perderam um fiel e valoroso
camarada".
Extraído de
HOMENAGENS Pespectivas, São Paulo, 3: 179-181, 1980.
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